terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


Na foto de José Carlos Dias, Gabeira cobrindo uma reunião da Câmara
Municipal, no período da tragédia da Região Serrana

Na última eleição, em Teresópolis, a cada notícia negativa que aparecia para um certo candidato, alguém dizia na redação - eu estava no DIÁRIO naquele tempo - que "era a pá de cal". Pouco comum hoje em dia, vi de novo a expressão num título de jornal, em artigo do jornalista e ex-deputado Gabeira, publicado no último dia 1.o de fevereiro, no Estadão (jornal O Estado de São Paulo). O ex-deputado verde resgata a música Luiz Inácio (300 Picaretas), dos Paralamas do Sucesso, para fazer uma análise do poder legislativo brasileiro. Gabeira faz uma lúcida crítica ao modelo PT de fazer política e não há não aplaudir ou deixar de concordar com cada palavra. O artigo, vale a republicação e a consequente leitura.

   300 picaretas e uma pá de cal 

     “Num dos meus primeiro mandatos de deputado federal defendi na tribuna da Câmara os Paralamas do Sucesso, acusados de caluniar o Congresso Nacional com a música Luís Inácio (300 picaretas). Os primeiros versos diziam: “Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou/ são trezentos picaretas com anel de doutor”.
     Defendi-os em nome da liberdade de expressão. Não concordava inteiramente com Lula. Talvez fossem 312 ou 417. Reconheço que 300 é um número redondo, mais fácil de inserir nos versos de uma canção popular. Além do mais, nem todos têm anel de doutor. Mas isso são detalhes. O mais importante é registrar que estávamos na véspera da chegada do PT ao governo federal, início da era do “nunca antes neste país”. E aonde chegamos, agora, uma década depois?
     Renan Calheiros deve assumir a presidência do Senado, Henrique Eduardo Alves, a da Câmara e o deputado Eduardo Cunha, a liderança do PMDB. Caso se concretizem, esses eventos representam um marco na História do Congresso. Significa que, para muitas pessoas informadas, o Congresso deixa de existir. É o fim da picada…
     Conheço os passos dessa estrada porque transitei nela 16 anos. O mensalão significa o ato inaugural, a escolha do tipo e da natureza de alianças políticas do novo governo. O mensalão significa a compra de votos dos partidos, uma forma de reduzir o Congresso a um balcão de negócios. Em seguida vieram as medidas provisórias (MPs). Governar com elas é roubar do Congresso tempo e energia para seus projetos. A liberação das emendas parlamentares era a principal compensação pelo espaço perdido.
     Mas deputados e senadores não cedem o espaço porque são bonzinhos ou temem o governo. As MPs são uma forma simplificada de o governo realizar seu objetivo. Os parlamentares tomaram carona nesse veículo autoritário. E inserem as propostas mais estapafúrdias no texto das MPs. Com isso querem aprovar suas ideias sem o caminho democrático que passa por debates em comissão, audiências públicas, etc.
     Na Câmara essas inserções oportunistas são chamadas de jabuti. O nome vem da frase “jabuti não sobe em árvore, alguém o coloca lá”. O nome jabuti pressupõe que há interesses econômicos diretos por trás de cada uma dessas emendas.
     A perda de espaço para o governo não é o problema, desde que todos os negócios continuem fluindo, das MPs às emendas ao Orçamento. O espaço não interessa, o que interessa é o dinheiro. Espaço por espaço, o Congresso já abriu uma grande avenida para o Supremo Tribunal Federal julgar casos polêmicos, como aborto e união gay.
     Os negócios, como sempre, são o centro de tudo. Negócios, trambiques, maracutaias e, como diziam Os Paralamas em 2003, “é lobby, é conchavo, é propina e jeton”. Uma década depois, vendo o Congresso idêntico à sua caricatura, pergunto quando é que nos vamos dar conta dessa perda, desse membro amputado de nossa anatomia democrática.
     A saída da minoria – chamada, com uma ponta de razão, de Exército Brancaleone – foi pressionar por dentro e estabelecer uma tensão entre ela e a opinião pública. Na definição do voto aberto para cassar deputados, vencemos o primeiro turno porque a imprensa e eleitores estavam de olho. Vitória esmagadora, contra apenas três abstenções. Agora até esse caminho está bloqueado. Todos os dispositivos internos foram reforçados e passaram a impedir tais votações. Com a cumplicidade do PT, os piores elementos foram ascendendo aos postos estratégicos e agora o esquema chega ao auge, com a escolha de Calheiros e Alves.
     De um lado, interessa-me avaliar como será o futuro do País sem um Congresso que possa realmente ser chamado por esse nome. De outro lado, um olho na saída. Não sei se repetiria hoje a campanha contra Renan, os cartazes com chapéu de cangaceiro e a frase: “Se entrega, Corisco”. Nem se gostaria de ver de novo aqueles bois se deslocando pelos campos alagoanos para as terras de Renan, para comprovar que era dono de muitas cabeças de gado. O ideal, hoje, seria poupar os bois dessa nova viagem inútil. Passar o vídeo, criar uma animação, substituir toneladas de carne de boi por milhões de pixels.
     Henrique Alves destinou dinheiro a uma empresa fantasma de um assessor dele. No lugar deserto onde a empresa funcionava havia apenas um bode, chamado Galeguinho. O bode foi dispensado depois de sua estreia. Os bois mereciam o mesmo. “Parabéns, coronéis, vocês venceram”, diz a letra de Luís Inácio. Deixaram-nos monitorando bois de helicóptero e pedindo ao bode que nos levasse ao gerente da empresa.
     Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou. Mas foi o primeiro a passar para o lado deles e a contribuir com algumas novas espécies para a fauna já diversa que encontramos em 2003.
     A vitória dos cavaleiros do apocalipse recoloca a urgência de salvar o Congresso dele mesmo. A maneira de potencializar o trabalho da minúscula oposição é a maior transparência possível e uma ajuda da opinião pública. A partir dessa vitória, Calheiros, Alves e seus eleitores no Parlamento dizem apenas à sociedade: somos assim, e daí? Depois do descanso merecido, o bode que é o porteiro da empresa favorecida por Alves deveria ser colocado na porta do Congresso.
     É impensável que 300, 312 ou 417 – não importa o número exato – picaretas enfrentem o Brasil sem uma represália dura. O espírito do “eles lá, nós aqui”, de distância enojada, no fundo, é bom para eles, que querem total autonomia para seus negócios. Será preciso mostrar que toda essa farsa é patrocinada pelo dinheiro público. E que sua performance será amplamente divulgada agora e no período eleitoral. O instinto de sobrevivência da instituição não existe. Mas o do político é muito grande. É preciso que ele sinta o desgaste pessoal produzido por suas escolhas.
     Muitas pessoas vão trabalhar nisso, cada uma no seu posto, às vezes em manifestações. A eleição direta para presidente foi uma conquista. A perda do Congresso para o ramo dos secos e molhados é uma dolorosa ferida em nossa jovem democracia.
   Nós demos um boi para não entrar nessa luta. Daremos um bode para não sair dela.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

“A sociedade teresopolitana exige um poder
Legislativo com maior representatividade.
 Para isso, precisamos de
mais e melhores vereadores. E que
 esses vereadores custem menos aos
cofres públicos”

  Partido Verde cresceu no Estado em 2012

  - PV tem 32 vereadores, um prefeito, dois vice-prefeitos e quatro deputados: dois federais e dois estaduais


     Apesar do grande número de eleitores que, em protesto, preferiram anular o voto, votar em branco ou abster-se de votar na última eleição, o que tirou muitos votos do Partido Verde, a legenda obteve bons resultados em 7 de outubro passado.  O PV elegeu o prefeito de uma das cidades mais importantes do interior do Estado, Macaé, sendo eleito com expressiva votação o deputado federal Dr. Aloisio, ascendendo ao mandato o suplente Eurico Júnior. Dobradinhas do PV, que tiveram Norival Garcia e Axel Grael, elegeram também os prefeitos de Barra do Piraí e Niterói.
     São também dos quadros do Partido Verde os deputados Xandrinho e Aspásia, que estão entre os mais atuantes da Alerj, representando ainda, desde janeiro de 2011 em Brasília, o deputado federal Sirkys, que tem tido um mandato muito proveitoso para a causa ambiental.
     Numa eleição complicada como foi a de outubro passado, onde prevaleceu o equivocado discurso da redução do número de vereadores, ainda assim, e sem coligações promíscuas, o Partido Verde elegeu 32 vereadores em todo o estado, estando representado em um terço dos municípios fluminenses. Ousado, e sem medo de opinar diante de temas que parecem tabus para outros partidos, o PV Teresópolis teve a coragem de defender, por exemplo, o número de 21 cadeiras para o legislativo municipal, devendo ser esta uma das suas bandeiras para a próxima eleição em Teresópolis. “O que precisamos é de vereadores melhores, e mais compromissados com a coisa pública. Se temos que reduzir alguma coisa é o repasse que a Câmara recebe anualmente, e que é absurda, e não o número de vereadores”, defende o presidente do PV, Wanderley Peres. Para o ambientalista, é preciso que as pessoas tenham coragem de defender a ‘maior representatividade’ no Legislativo Municipal, dando vez no Legislativo às minorias, cada vez menos representadas. “Queremos melhores vereadores, e que eles custem menos à sociedade. Precisamos mostrar para as pessoas que os vereadores que defendem a redução do número de cadeiras na Câmara querem, na verdade, é gastar sozinhos os enormes recursos que recebem da prefeitura anualmente. A nossa Câmara custa cerca de R$ 10 milhões por ano, com 12 ou com 21 vereadores. Esse é o discurso que a população precisa conhecer”, diz.
     Décimo segundo partido mais votado para vereador em Teresópolis, entre os vinte e dois que participaram da eleição passada, o PV fez 2.636 votos na eleição passada, resultado que deve ser comemorado com uma grande conquista, principalmente porque representa cerca de de 500% de aumento com relação ao maior desempenho então registrado. De qualquer forma, embora não tenha eleito vereador, o Partido Verde em Teresópolis comemora a eleição dos vereadores em outros 27 municípios do Estado do Rio de Janeiro, prova de que a legenda mostra-se cada vez mais interessante para o eleitor.

OS VEREADORES DO PV NO RIO DE JANEIRO

1- ARARUAMA - CLAUDIO NORBERTO GONCALVES
2 - ARRAIAL DO CABO - LUCIANO TEIXEIRA FRANCO
3 - ARRAIAL DO CABO - EDSON ALMENARA DA COSTA JUNIOR
4 - BARRA MANSA - CLAUDIO JOSE DA SILVA CRUZ 
5 - CACHOEIRAS DE MACACU - CARLOS DE MELO DA SILVA 
6 - CAMBUCI - JOÃO LUIS MASIERO MARINHO 
7 - CARMO - MARIA CELIA CURTY OLIVEIRA ALBUQUERQUE
8 - CASIMIRO DE ABREU - LUIZ ROBINSON DA SILVA JUNIOR
9 - CASIMIRO DE ABREU -  ELIEZER CRISPIM PINTO
10 - CONCEIÇÃO DE MACABU - CLAUDIO WILLIANS RAMALHO NEVES
11 - DUQUE DE CAXIAS - MARCELO FERREIRA RIBEIRO
12 - DUQUE DE CAXIAS - ADEMIR MARTINS DA SILVA 
13 - IGUABA GRANDE - ALESSANDRO SILVA GRIMAUTH 
14 - ITABORAÍ - JOSE MANOEL GONÇALVES
15 - MACAÉ - RENATA THOMAZ DE OLIVEIRA
16 - MIRACEMA - GILSON TEIXEIRA SALES 
17 - MIRACEMA - GUTEMBERG MEDEIROS DAMASCENO
18 - NITERÓI - DANIEL MARQUES FREDERICO 
19 - PARATY - FERNANDO PEDRO LOURO 
20 - PATY DO ALFERES - EURICO PINHEIRO BERNARDES NETO
21 - PORTO REAL - ELIAS VARGAS DE OLIVEIRA
22 - QUATIS - FLAVIO FLORENTINO
23- QUEIMADOS - ADRIANO MORIE 
24 - QUISSAMÃ - MARCELO DE SOUZA BATISTA
25 - RIO DAS OSTRAS - EDILSON GOMES RIBEIRO
26 - RIO DAS OSTRAS - MARCELINO CARLOS DIAS BORBA
27 - RIO DE JANEIRO - PAULO SANTOS MESSINA
28 - SÃO GONÇALO - AMARILDO VIEIRA DE AGUIAR
29 - SÃO JOÃO DE MERITI - ROGERIO DE MACEDO FERNANDES
30 - SÃO JOÃO DE MERITI - ANGELA THEODORO DA COSTA.
31 - SUMIDOURO - ANDRÉ RICARDO RIBEIRO. 
32 - VASSOURAS - RODRIGO ANDRADE VAZ.