terça-feira, 19 de maio de 2015

PV QUER PRESIDENCIALISMO

Verdes pedem impeachment do presidencialismo no Brasil em Convenção Nacional
Foi aprovada também, em Brasília, uma estatuinte para implementar o parlamentarismo dentro do próprio Partido Verde
A Convenção Nacional do Partido Verde reuniu membros e dirigentes verdes de todo o Brasil para elegerem o novo diretório e a nova executiva nacional da legenda, mas o foco acabou sendo o debate sobre a conjuntura nacional, com destaque para a reforma política, as eleições 2016 já com o fim do voto obrigatório e a proibição do financiamento de campanha por empresas. Na ocasião, foi criada uma estatuinte para estudar a implementação do sistema parlamentarista dentro do Partido, ratificando a posição dos integrantes do PV em prol de um sistema de governo mais participativo: parlamentarista de voto distrital misto.

O presidente do Partido, José Luiz Penna, reeleito pelos convencionais, aproveitou a ocasião para reafirmar a importância do Partido na mobilização de toda a sociedade para mudanças efetivas no sistema governamental do país. “Pedimos o impeachment do presidencialismo no Brasil, não toleramos mais essa forma arbitrária de governar”, reivindicou. Ao todo, o Diretório Nacional teve 30% de renovação.

No centro das discussões sobre a conjuntura política, o deputado federal Evandro Gussi (PV-SP) explanou sobre o relatório da Comissão Especial da Reforma Política, em andamento no Congresso Nacional, cujo teor afronta posições dos verdes em diversos temas. Segundo Evandro, apesar de existirem várias ressalvas a esse relatório, a maioria da comissão é a favor da reforma política. “A defesa do Partido é pelo impeachment do presidencialismo e isso não é uma questão de opinião, mas sim de um país que tenha consciência do que é uma democracia madura”, disparou Evandro. Ele defendeu veementemente o parlamentarismo dentro do PV: “é necessário que o Partido entenda que podemos fazer mais pela política brasileira e um processo interno de eleições mais a luz do parlamentarismo vai nos ajudar a pautar a sociedade”.

Para os dirigentes, no mundo da democracia madura e consolidada já existe uma convergência de aproximar o eleitor de seus representantes. Essa tendência o mundo já absorveu e “o Brasil também precisa absorver”, nas palavres de Penna.

Entre a pauta de discussões, os convencionais avaliaram o papel do Partido Verde. Fabiano Carnevale, Secretário de Relações Internacionais do PV Brasil e co-presidente Executivo da Federação dos Partidos Verdes das Américas (FPVA), afirmou que o PV é parte de um movimento mundial que continua evoluindo. “Hoje existem 12 partidos verdes nas três Américas, além do Global Greens que reúne cinco continentes”, explicou Carnevale. “Temos muita representatividade e precisamos nos juntar ainda mais para moldar a forma de desenvolvimento no mundo”. Segundo Fabiano, a onda conservadora que atinge o Congresso Brasileiro também atingiu a Europa. “Os verdes não ficaram imunes a essa onda conservadora, reduzimos um pouco nossa bancada no parlamento europeu”.

Ainda de acordo com a representatividade do Partido Verde, o líder da bancada do PV, Sarney Filho, ressaltou em sua fala que, apesar do PV ser minoria dentro do Congresso, hoje quem defende a causa ambiental, indígena, quilombola, homofóbica, é o Partido Verde. “Nosso partido tem liderado as discussões, apesar de sermos uma bancada pequena mas, no que diz respeito à questões programáticas no desenvolvimento socioambiental, estamos conseguindo manter nossa representatividade”, lembrou Sarney Filho. Para ele, o Congresso não representa a vontade do povo e o PV precisa se mobilizar para que essa representação seja legítima.

O ex-candidato à presidência pelo PV, Eduardo Jorge, ressaltou a importância da liderança do Sarney Filho para manter viva a bancada no Congresso Nacional. Para Eduardo Jorge, as manifestações refletem o pensamento da população e, como mostrou a pesquisa de Carlos Eduardo sobre as impressões da população sobre o Partido Verde, as pessoas querem ser ouvidas. “É muito importante cumprir o que prometemos ou ao menos manter as posições que o PV defendeu durante as campanhas”, ressaltou Eduardo. Com relação a reforma política, Eduardo acredita que o 'distritão' é perigoso, pois não tem nenhuma  qualidade do voto distrital, mas tem todos os defeitos, por ser "o reino do personalismo e vai acabar com o que resta de Partido no Brasil”.

O secretário de Comunicação do Partido Verde, José Carlos Lima, defendeu que o PV deve ser um partido necessário para a população e não só internamente. “Ganhar significa conquistar a sociedade”, ressaltou José Carlos. A sociedade deve entender que esse jeito de governar está péssimo. “Pedimos o impeachment do Presidencialismo no Brasil”, finalizou.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Rocco nesta quarta-feira, em Teresópolis



Roberto Rocco e Jandira Fegalli com Lindbergh Farias
Pré-candidato a vice-governador do Estado do Rio de Janeiro, o presidente regional do Partido Verde, Roberto Rocco, visita Teresópolis na tarde desta quarta-feira, 21 de maio.

Acompanhado do presidente do PV local, Wanderley Peres, Rocco circulará pelo centro da cidade e, às 14h30min, se reunirá com o diretório municipal do Partido Verde, na sede do Sincomércio, na Travessa Ranulfo Féo, 36, onde conhecerá um pouco mais sobre a realidade política da cidade, e conhecerá as propostas da legenda no município para a construção de um discurso favorável a Teresópolis na campanha eleitoral que se iniciará em julho próximo.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

PT, PV e PCdoB formalizam aliança para 2014

Roberto Rocco, Minc, Jandira e Lindbergh. Juntos para 2014

Em encontro que reuniu centenas de militantes, nesta segunda-feira, 12, no Hotel Windsor Guanabara, no Centro do Rio, o PV anunciou formalmente apoio à pré-candidatura do senador Lindberg Farias ao governo do estado. No fim de abril, o PCdoB já havia anunciado apoio à aliança. Na reunião que levou lideranças dos três partidos ficou definido que o ambientalista Roberto Rocco (PV) será o pré-candidato a vice-governador.
O senador Lindberg Farias lembrou que a aliança entre o PT e o PV está reeditando uma campanha que marcou época na história política do estado do Rio, em 1986, quando o jornalista Fernando Gabeira foi candidato a governador pelo PV, com o apoio do PT. “Foi uma campanha linda, que teve fatos marcantes, como por exemplo o Abraço na Lagoa”, disse o senador.
Lindberg ressaltou a importância da aliança com o PV, lembrando que houve muita pressão para que o acordo não saísse. “Os adversários acharam que estávamos isolados, que não faríamos nenhuma aliança. Hoje é um dia de vitória nossa”, afirmou.
O senador também destacou a importância do ex-presidente Lula e do presidente nacional do PT, Rui Falcão, que defenderam a sua pré-candidatura ao governo do estado. “Estamos construindo uma aliança nova com o PV e o PCdoB, com a discussão do orçamento territorializado, em que o povo poderá dizer onde serão feitos os investimentos. Neste novo clima político, quem vai decidir serão as pessoas”, afirmou.

 
Aliança popular
O ambientalista Roberto Rocco lembrou que a decisão de apoiar a aliança com o PT foi aprovada por ampla maioria da Executiva do PV, com 14 votos a favor e apenas um contra. Ele citou exemplos de problemas que não foram solucionados pelo atual governo, como a crise no abastecimento de água, a questão da mobilidade urbana e o caos na saúde. “Vamos fazer uma gestão programática, com propostas para o desenvolvimento sustentável do nosso estado”, disse.
A deputada federal Jandira Feghali, do PCdoB, pré-candidata a senadora pela aliança, disse que a aliança com o PV e o PT trará de volta a juventude e os movimentos sociais, que estavam ausentes devido ao descrédito com a classe política. “Temos a certeza que esse desafio une as esquerdas e que outros partidos irão compor esta aliança”, afirmou a deputada federal.

terça-feira, 27 de agosto de 2013


Teresópolis, RJ, realiza I Conferência de Meio Ambiente no fim de semana

Nesta sexta-feira, (30) e sábado (31) será realizada a I Conferência de Meio Ambiente em Teresópolis, evento que tem como objetivo contribuir para a implementação da Política Nacional de Saneamento Básico. Os encontros vão debater prioritariamente a Política Nacional de Resíduos Sólidos, com enfoque na redução dos impactos das mudanças climáticas e o incentivo à produção e ao consumo sustentáveis. Os interessados ainda podem se inscrever.
A conferência será realizada das 9h às 17h, no auditório do Centro Cultural FESO Pró Arte (Rua Gonçalo de Castro nº 85, Alto), e é aberta à participação de todas as pessoas interessadas no tema, como representantes do poder público, de movimentos sociais e comunitários e do setor privado, organizações não governamentais, universidades, empresas e trabalhadores do segmento de materiais recicláveis. Com coordenação de uma Comissão Organizadora, formada por representantes do poder público e da sociedade civil, e presidida pelo subsecretário municipal de Meio Ambiente, André de Mello, o evento terá como ponto focal a comunicação e mobilização social para a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico. Durante a Conferência, serão apontados os delegados que representarão o município na IV Conferência Estadual de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, que acontecerá de 13 a 15 de setembro, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.As inscrições estão abertas e podem ser feitas até a sexta,, das 9h às 17h, na sede da secretaria (Rua Rui Barbosa nº 170, Várzea). Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 2742-7763.

terça-feira, 23 de abril de 2013


Teresópolis comemora Dia da Água com evento

Comemoração teve shows de música e de dança, distribuição
de mudas e tradicional descida do Paquequer 
     Comemorado no dia 22 de março, o Dia da Água teve um evento festivo para marcar a data na Calçada da Fama. Mais uma vez o movimento SOS Paquequer organizou sua tradicional descida do Rio Paquequer, utilizando embarcações montadas com materiais recicláveis. O passeio dos botes começou na altura da Rua Rui Barbosa, na Reta, até o centro da cidade. Enquanto isso, estandes montados na Várzea recebiam a população em ações como distribuição de mudas, informações técnicas, exposições e apresentação de artistas da Secretaria de Cultura.
     O trabalho teve seu principal objetivo a conscientização da população. Segundo Leandro Coutinho da Graça, coordenador de Meio Ambiente da Secretaria de Meio Ambiente e de Defesa Civil, muito ainda precisa ser feito pela saúde do rio. “Realmente não temos muito o que comemorar. Hoje fazemos um trabalho de conscientização para mostrar o que estamos fazendo para limpeza do rio. Até agora fizemos pouco no que tange a limpeza propriamente dita”, reconhece o técnico. Coutinho, por outro lado, aponta ações positivas para o rio. “Hoje vemos que o Paquequer quase não tem garrafas pets. Isso é resultado do nosso programa de coleta seletiva” garante.
     Leandro Coutinho adianta que a Prefeitura investe na criação de um plano de saneamento para o município. “Estamos investindo em um plano de saneamento do município. Hoje temos a parceria do Governo do Estado e Teresópolis vem fazendo seu plano de saneamento. Com ele, o município poderá licitar o serviço de coleta e tratamento de esgoto. O município trabalha nesse plano que deve estar pronto em meados de 2014”, afirma.

     SOS Paquequer
     Um dos incentivadores do SOS desde a sua criação é o atual secretário de Cultura de Teresópolis, Wanderley Peres. “Hoje, neste dia da água, celebramos também o aniversário do nosso SOS Paquequer, que é o organizador desta manifestação. Estamos presentes através das secretarias de Cultura e de Meio Ambiente e Defesa Civil neste movimento de cidadania, de conscientização das pessoas para a importância da água e do seu uso adequado”, explica o jornalista. Peres conta que o evento surgiu há cinco anos, quando um grupo de defensores resolver descer pela primeira vez o curso d'água utilizando embarcações construídas com materiais recicláveis. “É um movimento crítico das autoridades, mas principalmente de conscientização da população”, garante.
     Questionado sobre a participação do poder público no movimento que é também de protesto, Wanderley aponta que o problema do rio é de toda a cidade. “Nunca vi um vereador jogando bolsa de lixo no rio, nunca vi um prefeito ou ex-prefeito fazendo isso. Mas já vi muita gente igual a gente, jornalista, comerciário ou dono de loja, pessoas comuns, todas, coletivamente, agredindo o rio e esse movimento visa atingir essas pessoas que sujam o rio e que continuam achando que a culpa de tudo é das autoridades. Precisamos nos conscientizar da importância do Paquequer, do bem inestimável que é a água, para depois cobrarmos das autoridades a revitalição do rio”, opina. 
     O sucesso do evento e do trabalho realizado pelo SOS Paquequer já mostra resultados. “Hoje estamos felizes em ver que as pessoas já voltam a ver o rio como ele é, o nosso Paquequer, do romance 'O Guarani', referência da literatura nacional, e não essa vala de esgotos que se apresenta hoje. Precisamos mudar esse quadro e isso passa necessariamente pela conscientização”, finaliza.
     Além das secretarias municipais, o evento do Dia da Água contou com a participação da Cedae, que distribuiu cerca de 1.500  mudas de árvores da mata ciliar para a população. As plantas são produzidas em estufas da própria companhia. Também participaram dos espaços o Fórum Agenda 21, o Grupo Petrópolis e vários artistas de Teresópolis.

quinta-feira, 7 de março de 2013


PV preside a Comissão de Meio Ambiente
A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) elegeu por unanimidade nesta quarta-feira, 6, o deputado Penna (PV/SP) presidente do colegiado para este ano. Também foram eleitos na mesma chapa os deputados Sarney Filho (PV-MA) como 1º vice-presidente, Arnaldo Jordy (PPS-PA) como 2º vice, e Antônio Roberto (PV-MG) como 3º vice.
A decisão mantém o Partido Verde à frente da Comissão por mais um ano. Penna sucede Sarney Filho, que comandou os trabalhos em 2012. De acordo com o parlamentar, os desafios continuam. “Manterei o espírito de negociação, buscando o conforto para debates, às vezes tão acirrados, mas buscando o melhor para o futuro do Brasil”, afirmou.
Para o ex-presidente da comissão, deputado Sarney Filho, a permanência do PV é uma vitória na luta pelas questões ambientais. “Isso reforça nosso compromisso na defesa dos temas ligados a sustentabilidade e pela qualidade de vida da população”, ressaltou.
Entre os temas apontados como prioridade por Penna, para seu mandato na Comissão de Meio Ambiente para este ano, estão a questão energética, a questão hídrica e a questão indígena, temas que serão discutidos já na primeira reunião da comissão, que ocorre no dia 13 de março, às 10h, no Plenário 2.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


Na foto de José Carlos Dias, Gabeira cobrindo uma reunião da Câmara
Municipal, no período da tragédia da Região Serrana

Na última eleição, em Teresópolis, a cada notícia negativa que aparecia para um certo candidato, alguém dizia na redação - eu estava no DIÁRIO naquele tempo - que "era a pá de cal". Pouco comum hoje em dia, vi de novo a expressão num título de jornal, em artigo do jornalista e ex-deputado Gabeira, publicado no último dia 1.o de fevereiro, no Estadão (jornal O Estado de São Paulo). O ex-deputado verde resgata a música Luiz Inácio (300 Picaretas), dos Paralamas do Sucesso, para fazer uma análise do poder legislativo brasileiro. Gabeira faz uma lúcida crítica ao modelo PT de fazer política e não há não aplaudir ou deixar de concordar com cada palavra. O artigo, vale a republicação e a consequente leitura.

   300 picaretas e uma pá de cal 

     “Num dos meus primeiro mandatos de deputado federal defendi na tribuna da Câmara os Paralamas do Sucesso, acusados de caluniar o Congresso Nacional com a música Luís Inácio (300 picaretas). Os primeiros versos diziam: “Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou/ são trezentos picaretas com anel de doutor”.
     Defendi-os em nome da liberdade de expressão. Não concordava inteiramente com Lula. Talvez fossem 312 ou 417. Reconheço que 300 é um número redondo, mais fácil de inserir nos versos de uma canção popular. Além do mais, nem todos têm anel de doutor. Mas isso são detalhes. O mais importante é registrar que estávamos na véspera da chegada do PT ao governo federal, início da era do “nunca antes neste país”. E aonde chegamos, agora, uma década depois?
     Renan Calheiros deve assumir a presidência do Senado, Henrique Eduardo Alves, a da Câmara e o deputado Eduardo Cunha, a liderança do PMDB. Caso se concretizem, esses eventos representam um marco na História do Congresso. Significa que, para muitas pessoas informadas, o Congresso deixa de existir. É o fim da picada…
     Conheço os passos dessa estrada porque transitei nela 16 anos. O mensalão significa o ato inaugural, a escolha do tipo e da natureza de alianças políticas do novo governo. O mensalão significa a compra de votos dos partidos, uma forma de reduzir o Congresso a um balcão de negócios. Em seguida vieram as medidas provisórias (MPs). Governar com elas é roubar do Congresso tempo e energia para seus projetos. A liberação das emendas parlamentares era a principal compensação pelo espaço perdido.
     Mas deputados e senadores não cedem o espaço porque são bonzinhos ou temem o governo. As MPs são uma forma simplificada de o governo realizar seu objetivo. Os parlamentares tomaram carona nesse veículo autoritário. E inserem as propostas mais estapafúrdias no texto das MPs. Com isso querem aprovar suas ideias sem o caminho democrático que passa por debates em comissão, audiências públicas, etc.
     Na Câmara essas inserções oportunistas são chamadas de jabuti. O nome vem da frase “jabuti não sobe em árvore, alguém o coloca lá”. O nome jabuti pressupõe que há interesses econômicos diretos por trás de cada uma dessas emendas.
     A perda de espaço para o governo não é o problema, desde que todos os negócios continuem fluindo, das MPs às emendas ao Orçamento. O espaço não interessa, o que interessa é o dinheiro. Espaço por espaço, o Congresso já abriu uma grande avenida para o Supremo Tribunal Federal julgar casos polêmicos, como aborto e união gay.
     Os negócios, como sempre, são o centro de tudo. Negócios, trambiques, maracutaias e, como diziam Os Paralamas em 2003, “é lobby, é conchavo, é propina e jeton”. Uma década depois, vendo o Congresso idêntico à sua caricatura, pergunto quando é que nos vamos dar conta dessa perda, desse membro amputado de nossa anatomia democrática.
     A saída da minoria – chamada, com uma ponta de razão, de Exército Brancaleone – foi pressionar por dentro e estabelecer uma tensão entre ela e a opinião pública. Na definição do voto aberto para cassar deputados, vencemos o primeiro turno porque a imprensa e eleitores estavam de olho. Vitória esmagadora, contra apenas três abstenções. Agora até esse caminho está bloqueado. Todos os dispositivos internos foram reforçados e passaram a impedir tais votações. Com a cumplicidade do PT, os piores elementos foram ascendendo aos postos estratégicos e agora o esquema chega ao auge, com a escolha de Calheiros e Alves.
     De um lado, interessa-me avaliar como será o futuro do País sem um Congresso que possa realmente ser chamado por esse nome. De outro lado, um olho na saída. Não sei se repetiria hoje a campanha contra Renan, os cartazes com chapéu de cangaceiro e a frase: “Se entrega, Corisco”. Nem se gostaria de ver de novo aqueles bois se deslocando pelos campos alagoanos para as terras de Renan, para comprovar que era dono de muitas cabeças de gado. O ideal, hoje, seria poupar os bois dessa nova viagem inútil. Passar o vídeo, criar uma animação, substituir toneladas de carne de boi por milhões de pixels.
     Henrique Alves destinou dinheiro a uma empresa fantasma de um assessor dele. No lugar deserto onde a empresa funcionava havia apenas um bode, chamado Galeguinho. O bode foi dispensado depois de sua estreia. Os bois mereciam o mesmo. “Parabéns, coronéis, vocês venceram”, diz a letra de Luís Inácio. Deixaram-nos monitorando bois de helicóptero e pedindo ao bode que nos levasse ao gerente da empresa.
     Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou. Mas foi o primeiro a passar para o lado deles e a contribuir com algumas novas espécies para a fauna já diversa que encontramos em 2003.
     A vitória dos cavaleiros do apocalipse recoloca a urgência de salvar o Congresso dele mesmo. A maneira de potencializar o trabalho da minúscula oposição é a maior transparência possível e uma ajuda da opinião pública. A partir dessa vitória, Calheiros, Alves e seus eleitores no Parlamento dizem apenas à sociedade: somos assim, e daí? Depois do descanso merecido, o bode que é o porteiro da empresa favorecida por Alves deveria ser colocado na porta do Congresso.
     É impensável que 300, 312 ou 417 – não importa o número exato – picaretas enfrentem o Brasil sem uma represália dura. O espírito do “eles lá, nós aqui”, de distância enojada, no fundo, é bom para eles, que querem total autonomia para seus negócios. Será preciso mostrar que toda essa farsa é patrocinada pelo dinheiro público. E que sua performance será amplamente divulgada agora e no período eleitoral. O instinto de sobrevivência da instituição não existe. Mas o do político é muito grande. É preciso que ele sinta o desgaste pessoal produzido por suas escolhas.
     Muitas pessoas vão trabalhar nisso, cada uma no seu posto, às vezes em manifestações. A eleição direta para presidente foi uma conquista. A perda do Congresso para o ramo dos secos e molhados é uma dolorosa ferida em nossa jovem democracia.
   Nós demos um boi para não entrar nessa luta. Daremos um bode para não sair dela.