segunda-feira, 9 de abril de 2012

Na fotografia do professor Nobile, como ficou a Praça Olímpica na primeira "grande enchente" de Teresópolis



As águas de Abril, de Março, ... de janeiro de 2011

     Quem tem aí seus setenta anos lembra bem da grande enchente que aconteceu em Teresópolis em 1957. Era prefeito do município o José de Carvalho Janotti e deputado estadual o Roger Malhardes, que tinha ocupado a prefeitura por duas vezes em 1945 e 1946, como interino e, eleito em 1950, por um período de quatro anos, entre 1951 e 1954.

     A cidade tinha poucos prédios, não havia asfalto nas ruas, e as margens largas do Paquequer guardavam o excesso de água que o leito do rio não conseguia escoar. Nesse tempo, o rio tinha também um tempo diferente: Era mais lento, quase preguiçoso... Era um rio fazendo o seu papel de rio, drenando as águas que desciam das suas bacias, escoando para o mar a água que evaporou de lá e se transformou nas nuvens precipitadas aqui, alimentando a vida nesse recanto onde a qualidade dessa vida também era outra.
     Quem tem alguns anos a menos, vai lembrar da "grande enchente" de 1983, que ocorreu logo nos primeiros dias do governo do prefeito Celso Dalmaso, num mês de março. Ou, das "grandes enchentes" de 1981 (em abril e em dezembro) e de outras de mesmo tamanho, ocorridas, quase regularmente, em todos os anos do governo do prefeito Pedro Jahara, que durou seis anos, de 1977 a 1982. No governo do Pedro, aliás, é que foi iniciada a construção do extravasor do Mansur, fazendo fluir, a partir de 1984, mais rapidamente as águas das chuvas, passando a servir o trecho do rio no bairro das Paineiras como um piscinão natural, "guardando" as águas que correriam, pachorramente, a seu tempo.
     Os mais jovens têm memória de "grande enchente" como sendo a de 2002. Ocorrida na véspera do Natal, é lembrada com a "enchente do Perpétuo", quando várias casas caíram umas sobre as outras naquele bairro, matando treze pessoas. Passados vinte anos, as enchentes só voltariam depois que as margens do rio nas Paineiras passaram a ser ocupadas, servindo o extravasor como passagem natural do rio.
     Passaram dez anos e aconteceu agora a nossa última "grande enchente". Acontece em abril, o que é raro mas não inédito, e se dá não por conta de uma tromba d'água ou uma chuva contínua de cerca de uma hora, como das outras vezes, e sim, por causa de pancadas fortes e esparsas, com interregnos de chuva fraca, por um período longo, de quase seis horas.
     Pegou a cidade com um governo provisório, e ainda se recuperando de uma outra chuva, também atípica, ocorrida há mais de um ano. Considerada a maior tragédia natural do país, essa chuva aliás, denominada "tragédia de 12 de janeiro", preserva a memória com os seus vestígios à mostra. As casas destruídas estão como ficaram, os rios assoreados também e as pontes que derrubou não foram reconstruídas, ainda podendo ser vistos seus restos.
     Agora, o problema da vez do teresopolitano é a chuva de abril. É hora então de limpar as casas, contabilizar o prejuízo e botar pra fora o que se tornou imprestável. É hora também de chorar as cinco vidas humanas que se perderam, momento para refazer a vida e se preparar para o que o futuro queira nos reservar.
     Quanto a chuva de janeiro, essa acabou coisa do passado e só não estará completamente ignorada pelas autoridades porque é da tragédia de 2011 que temos o Decreto de Calamidade 3988, ainda em vigor (pasmem!), apesar de passados quinze meses de sua emissão, feita pelo prefeito cassado Jorge Mario, e que permite à prefeitura compras privilegiadas para os materiais necessários à reconstrução da tragédia antiga e, se necessário for, para a recente tragédia de 6 de abril.